Tintura de cabelo: riscos reais à saúde e como se proteger

Clínica Follicles,Solução capilar

Descolorir ou tingir os cabelos já virou rotina para muitas pessoas, mas até que ponto esse procedimento estético pode representar riscos à nossa saúde? O debate ganhou força após reportagens como a da Saúde Abril, que destacou preocupações com alergias imediatas e potenciais impactos a longo prazo. Este artigo traz uma análise mais aprofundada sobre os riscos associados às tinturas capilares, com foco em estudos científicos e orientações seguras para quem busca cuidar da aparência com responsabilidade.

1. Reações imediatas: alergias e irritações

O alergênico mais comum em tinturas é o chamado PPD (para-fenilenodiamina), substância que pode desencadear dermatite de contato — reações como ardor, coceira, vermelhidão e até inchaços intensos, que às vezes se espalham além do couro cabeludo. A dermatologista Caroline Semerdjian já alertou para esse risco, citando casos de pacientes que sentem queimaduras logo após a aplicação¹ (Veja Saúde).

Mesmo produtos rotulados como “sem PPD” ou “sem PPDA (parafenilenodiamina)” não garantem segurança imediata: eles podem conter outras substâncias alergênicas, como resorcinol, amônia ou conservantes irritantes² (SBD).

2. Tinturas permanentes e câncer: o que dizem os estudos

a) Câncer de mama e produtos para o cabelo

Estudos como o Nurses’ Health Study (com mais de 117.000 mulheres acompanhadas por 36 anos) mostraram que o uso regular de tinturas permanentes pode estar associado a um risco 9% maior de câncer de mama, especialmente em mulheres negras, com incremento de até 60% em quem tinge com frequência e usa cores mais escuras³ (National Institutes of Health (NIH)).

b) Linfoma não‑Hodgkin e leucemia

Algumas meta-análises indicam que ex‑usuárias de tinturas escuras utilizadas antes de 1980 apresentavam risco maior de linfoma e leucemia. No entanto, os componentes dessas fórmulas foram reavaliados e reformulados desde então. Estudos mais recentes não mostram associação significativa para exposições modernas⁴ (CFF).

c) Câncer de bexiga e outros tumores

Análises combinadas de múltiplos estudos concluíram que não há aumento consistente no risco de câncer de bexiga com uso pessoal de tinturas capilares modernas. Alguns resultados antigos sugerem associação apenas para certos grupos com uso prolongado e cores escuras, mas não há consenso robusto nesse sentido⁵ (cancer.gov, healthnews.pt, www4.acenet.edu).

3. Por que as evidências ainda são inconclusivas?

A dificuldade em apontar uma resposta definitiva se dá por diversos motivos:

  • Formulações mudam com o tempo: tinturas antigas continham aminas aromáticas mais tóxicas, enquanto as modernas são reguladas e testadas³ (cancer.gov).
  • Estudos incluem grupos ocupacionais e uso pessoal: barbeiros e cabeleireiros estão expostos frequentemente a vapores e contato contínuo, o que pode elevar os riscos sem refletir o uso pessoal esporádico⁶ (cancer.gov, Harvard Health, verywellhealth.com).
  • Subgrupos com maior vulnerabilidade: mulheres negras mostraram maior risco em algumas análises, possivelmente por formulações específicas destinadas a esse público⁷ (Universidade de São Paulo, National Institutes of Health (NIH)).
  • Fatores de confusão: hábitos de vida, genética, exposição laboral, estilo de vida e histórico familiar são muito difíceis de separar do uso da tintura em si.

4. Mitos e esclarecimentos importantes

  • “Tinturas sempre causam câncer” — Mito. A maioria das pesquisas relatam risco baixo ou inexistente em uso moderado, especialmente após 1980, quando as fórmulas foram atualizadas⁸ (Harvard Health, cancer.gov).
  • “Tintura escura eleva risco muito mais” — Parcialmente verdade. Algumas pesquisas apontam leve incremento para tinturas escuras, mas o risco ainda é baixo e depende da frequência e da exposição prolongada⁹ (CFF, pubmed.ncbi.nlm.nih.gov, bmj.com).
  • “Só profissionais correm risco” — Nem sempre. Profissionais sofrem maior exposição, mas uso pessoal frequente (como a cada 6 a 8 semanas) também pode elevar risco em subgrupos específicos⁶ (mdanderson.org, National Institutes of Health (NIH), Universidade de São Paulo).

5. Orientações práticas para quem pinta o cabelo

  1. Faça sempre o teste de sensibilidade cutânea conforme orientações da embalagem.
  2. Evite deixar a tintura por mais tempo do que o indicado.
  3. Use luvas e aplique em local ventilado.
  4. Escolha produtos sem formaldeído, PPD ou corantes suspeitos; prefira opções com rótulo transparente e certificações.
  5. Sempre enxágue abundantemente.
  6. Mulheres gestantes devem evitar ao máximo o uso — estudos recentes mostram que tinturas elevam níveis de PFAS no organismo materno e no leite¹⁰ (CFF, theguardian.com).
  7. Se perceber coceira, ardência ou queda após a aplicação, procure avaliação com terapeuta capilar antes de repetir o procedimento.

6. A visão da Clínica Follicles

Na Clínica Follicles, nosso enfoque prioriza a saúde e a integridade do couro cabeludo acima da estética imediata. Por isso, evitamos procedimentos que envolvem substâncias químicas potencialmente irritantes ou hormonais. Quando há interesse em colorir o cabelo, recomendamos sempre consulta prévia, análise capilar e, se possível, opções naturais ou tonalizantes temporários sob orientação especializada, minimizando riscos sem comprometer seu visual.

Conclusão

Embora o uso moderado de tinturas modernas não represente um risco elevado para a maioria das pessoas, alguns estudos destacam associações discretas com tipos específicos de câncer, sobretudo para usuárias frequentes de tinturas escuras ou mulheres negras. A conexão direta ainda é incerta, mas o princípio de cautela — especialmente para quem já apresenta sensibilidade capilar — é fundamental.

Se você deseja colorir os fios, faça isso com responsabilidade: informe-se, realize testes prévios, leia a composição e evite o uso excessivo. E se percebe qualquer desconforto ou queda após a aplicação, marque uma avaliação especializada com a equipe da Follicles.

Para orientação personalizada e segura, fale com nossos tricologistas pelo WhatsApp: 11 94994‑3841

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Geovanna Souza

Com início na carreira em 2001, Geovanna Souza, fundadora da Clínica Follicles, sempre veio trabalhando na área de cabelo, desde cedo tendo paixão naquilo que faz.

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