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Introdução
Nem toda queda de cabelo é reversível — e, entre as formas mais graves e menos conhecidas, está a alopecia cicatricial. Essa condição, que causa a destruição permanente dos folículos pilosos, pode ser resultado de agressões conscientes ou inconscientes ao couro cabeludo. De químicas mal aplicadas a processos inflamatórios autoimunes, a doença é um alerta silencioso: quando o folículo é destruído, ele não se regenera naturalmente.
Embora muitas pessoas associem a calvície apenas à herança genética, a alopecia cicatricial traz uma realidade diferente: ela é marcada por inflamação, dor, coceira, vermelhidão e perda definitiva de fios. Compreender suas causas é essencial para evitar danos irreversíveis — e isso começa pela educação capilar e diagnósticos precoces.
O que é a alopecia cicatricial
A alopecia cicatricial, também conhecida como alopecia cicatrizante, é um grupo de doenças que levam à destruição irreversível do folículo piloso e sua substituição por tecido fibroso. Isso significa que, uma vez cicatrizado, aquele folículo não volta a produzir cabelo.
De acordo com estudos publicados no Journal of the American Academy of Dermatology, esse processo ocorre devido a uma resposta inflamatória intensa e prolongada, geralmente envolvendo linfócitos e neutrófilos — células do sistema imunológico que acabam atacando os próprios folículos, interpretando-os como uma ameaça.
Em termos simples, é como se o couro cabeludo sofresse uma “cicatriz interna” invisível, que impede o nascimento de novos fios. O resultado é um afinamento progressivo, seguido de áreas lisas e brilhantes, típicas das alopecias cicatriciais.
As causas: agressões conscientes e inconscientes
A alopecia cicatricial pode se desenvolver a partir de diversas origens, e muitas delas estão ligadas ao próprio comportamento humano. Entre as agressões conscientes, estão:
- Uso excessivo de químicas (progressivas, alisamentos, relaxamentos, descolorações);
- Calor extremo e repetido (chapinhas, secadores e babyliss em alta temperatura);
- Tração constante (penteados muito apertados, tranças, rabos de cavalo ou megahair);
- Automedicação e uso inadequado de produtos com ativos irritantes;
- Falta de higienização adequada, que favorece infecções foliculares.
Já entre as agressões inconscientes, destacam-se os processos inflamatórios internos — muitas vezes silenciosos — causados por doenças autoimunes, infecções crônicas ou desequilíbrios hormonais. Há também fatores emocionais e ambientais que favorecem a inflamação persistente, criando um terreno propício para o dano folicular.
De acordo com estudos revisados pelo National Institutes of Health (NIH), o estresse oxidativo e a inflamação crônica são gatilhos importantes para o desenvolvimento da alopecia cicatricial, principalmente em pessoas predispostas.
Alopecias cicatriciais mais comuns
A alopecia cicatricial não é uma doença única, mas um conjunto de condições que compartilham o mesmo desfecho: a destruição do folículo. Entre as mais comuns, destacam-se:
Líquen plano pilar
De origem autoimune, o líquen plano pilar é uma das causas mais frequentes de alopecia cicatricial em mulheres. Ele provoca inflamação ao redor do folículo, resultando em coceira, dor e áreas de rarefação capilar, especialmente na região frontal e no topo da cabeça.
Lúpus eritematoso discoide
Presente em cerca de 10% dos casos de lúpus cutâneo, o lúpus eritematoso discoide pode causar inflamação profunda no couro cabeludo, deixando áreas avermelhadas, descamadas e, posteriormente, cicatriciais.
Foliculite decalvante
É uma forma bacteriana de alopecia cicatricial, geralmente associada à colonização por Staphylococcus aureus. Os sintomas incluem pústulas, crostas e dor intensa, podendo evoluir para áreas sem crescimento capilar.
Alopecia por tração
Apesar de começar como uma queda reversível, o uso contínuo de penteados tensionados pode levar à fibrose folicular e evoluir para alopecia cicatricial. O mesmo ocorre com megahair mal aplicado ou mantido por longos períodos.
Agressões químicas e térmicas: o perigo invisível
Muitos danos ao couro cabeludo começam com práticas aparentemente inofensivas. As escovas progressivas, descolorações e alisamentos químicos contêm substâncias capazes de causar inflamação e necrose folicular quando aplicadas repetidamente.
Da mesma forma, o calor excessivo proveniente de chapinhas e secadores pode destruir proteínas estruturais do fio e danificar a epiderme do couro cabeludo. Quando o dano atinge a raiz, o corpo reage com inflamação — e, com o tempo, forma tecido cicatricial.
Estudos recentes publicados na revista Skin Appendage Disorders reforçam que o uso constante de químicas agressivas é um dos principais fatores associados à inflamação crônica do folículo, especialmente em mulheres com histórico de alisamentos frequentes.
“Dia do Cabelo Maluco” e os desafios virais: quando a criatividade vira risco capilar
Em 2025, um caso ocorrido durante o “Dia do Cabelo Maluco” chamou a atenção da mídia e acendeu um alerta entre tricologistas e dermatologistas. Uma mãe colou peças de dominó no cabelo do filho com uma cola de alta fixação para criar um penteado “divertido”. Ao tentar remover o material, acabou arrancando parte do couro cabeludo da criança, em um episódio que os especialistas classificaram como uma depilação forçada e traumática.
De acordo com dermatologistas ouvidos pelo G1, essa e outras práticas que viralizam em escolas e redes sociais — como colar brinquedos, aplicar glitter industrial, tinta permanente ou fixadores não cosméticos — representam riscos sérios à integridade folicular e à saúde do couro cabeludo, especialmente em crianças.
Esses materiais podem provocar queimaduras químicas, reações alérgicas, infecções e inflamações profundas, que, em casos mais graves, evoluem para alopecia cicatricial irreversível. O problema se agrava porque o couro cabeludo infantil é mais fino e sensível, reagindo de forma muito mais intensa a substâncias inadequadas.
Segundo a reportagem, tricologistas destacam que até mesmo adesivos de fantasia e sprays não certificados podem conter solventes que irritam a pele e desequilibram o microbioma do couro cabeludo — alterando o ambiente folicular e favorecendo inflamações que danificam os folículos.
Por isso, os especialistas orientam que a criatividade nunca deve se sobrepor à segurança. Existem formas seguras de participar dessas datas comemorativas, como o uso de tintas laváveis, pomadas infantis coloridas e acessórios fixados mecanicamente, que não agridem o couro cabeludo nem comprometem a estrutura dos fios.
Esse tipo de conscientização é parte da educação capilar preventiva, um dos pilares da Clínica Follicles. Orientar pais e escolas sobre os limites do que é seguro é essencial para evitar danos irreversíveis e preservar a saúde capilar desde a infância.
O papel do sistema imunológico
Além das agressões externas, a alopecia cicatricial autoimune ocorre quando o corpo ataca equivocadamente os próprios folículos. Essa resposta pode ser desencadeada por doenças sistêmicas, como lúpus, ou por fatores ainda desconhecidos.
Pesquisas da Cleveland Clinic indicam que essa inflamação autoimune é mediada por linfócitos T, células que invadem a região folicular e destroem a unidade produtora do cabelo. O processo pode ser lento e silencioso, manifestando-se apenas quando as falhas já são perceptíveis.
Por isso, o diagnóstico precoce é essencial — quanto antes o processo inflamatório for controlado, maior a chance de preservar os folículos ainda viáveis.
Diagnóstico: tecnologia e precisão a favor do paciente
O diagnóstico da alopecia cicatricial deve ser realizado por um profissional especializado, com base em anamnese capilar, tricoscopia digital e, em alguns casos, biópsia.
A tricoscopia digital, tecnologia disponível na Clínica Follicles, é um exame de imagem de alta precisão que permite identificar alterações microscópicas nos folículos, como inflamação, descamação e perda estrutural.
Essa análise detalhada ajuda a diferenciar a alopecia cicatricial de outras condições, como alopecia androgenética, e orienta o protocolo ideal de tratamento para cada paciente.
Tratamento e regeneração: a visão integrativa da Clínica Follicles
Apesar de os folículos cicatrizados não poderem ser recuperados, é possível interromper o avanço da doença, reduzir a inflamação e revitalizar as áreas ainda ativas.
Na Clínica Follicles, os protocolos são baseados em uma abordagem integrativa e natural, que visa reativar a saúde capilar sem recorrer a medicamentos invasivos como minoxidil ou finasterida.
O destaque é o Protocolo MFC (Multifuncional Capilar), criado pela biomédica e tricologista , que combina terapias manuais, ativos tópicos naturais, suplementação personalizada e tecnologias regenerativas — como fotobioestimulação, laser infravermelho e ozonioterapia.
Essas técnicas atuam de forma sinérgica para melhorar a oxigenação do couro cabeludo, modular a inflamação e estimular os folículos viáveis, favorecendo o crescimento de novos fios onde ainda há potencial de regeneração.